quinta-feira, março 22, 2007

PRECE

Outro Poema de um Crente

Senhor:

Estão a chegar os dias
Da Tua Dor!

E lembro, Senhor,
As tuas últimas palavras
Vindas do alto da Cruz,
Dolorosas, mas, Jesus,
Cheias de mágoa, mas de luz:

Eli! Eli!
LAMA SABACTANI!

E nessas palavras,
Em voz dolorosa
Mas terna,
Senti ressonância eterna!

Viestes salvar o Mundo!
Mas que profundo foi o teu grito,
Que ressoou pelo infinito,
E no acácico registo
Está gravado?

E o seu tom de dor, magoado,
É gota de chumbo
Na memória dos crentes!
Porque foi pelo povo
Tuas gentes,
Que te supliciaste
E à morte te entregaste!

Mas, salvar o povo?
Qual povo?
É que neste tempo
Nada de novo surge no horizonte
Dos Teus crentes:

Há uma nova corja
Que não são teus!
Novos Pilatos,
Novos Fariseus,
Caiados de branco
Negras almas
Negras mentes!


Senhor:
Livra-nos do mal
E dos impenitentes
Que sugam o sangue dos pobres,
Tuas gentes,
Sob o diáfano manto
De democratas,
Laicos, ateus, iconoclastas,
Vampiros, devoradores dos frutos
Que produzimos
Mas que não usufruímos!

São dor e dor
Os nossos lutos!

AMEN!

José de Portugal

quarta-feira, setembro 20, 2006

FRUTOS DE OUTONO

Setembro! Fugia o estio,
Em passo largo...fugidio..

E nas árvores os frutos
Pendentes amaduravam,
lançando doces pedidos
Em ânsia de ser colhidos
Pelos seres que passavam!

Numa árvore nova ainda
Pendia um, solitário,
Nutrido por seiva pura...
Por sua pele e textura
dos outros parecia vário...

E porque era sòzinho
daquela árvora pendente,
passava o povo, a gente,
Ninguém via o pobrezinho
que clamava docemente!

E assim chega o Outono:
Aquele fruto sem dono
Jamais alguém o colheu...
E porque esse fruto era eu
Tornei-me forte, potente
E fiquei para semente!

É sina que Deus me deu!

terça-feira, abril 18, 2006

Poema de um crente!


Vais na vida andando
-nos dizeres teus-
falando, negando,
Que existe Deus!
E lá vais dizendo
Que o não vês, não sentes...
Não vês que, não vendo,
A ti próprio mentes?

Já viste a beleza
Que o inverno teve
na alva leveza
do cair da neve?

Ouviste algum dia
Ao nascer do Sol
O canto, a alegria
D'algum rouxinol?

Já ouviste o vento
Nas folhas tocar
E no seu lamento
traz ao pensamento
música elementar?

Já viste o sorriso
D'indizível esperança
Desenhado, preciso,
Em rosto de criança?

Já viste algum dia
Lá na serrania
Nos mais altos cumes
Ou nos largos prados
Os tons colorados,
Os doces perfumes,
Os milhões de cores
De múltiplas flores
Qu'alegram a alma
E na manhã calma
Suscitam amores?

Se não viste, és cego!
Não ouviste? És surdo!
Que Deus Ouve-se, Observa-se...
Pois está em nós...E em tudo!

quinta-feira, abril 13, 2006

O SUPLICIADO


Um Cristo crucificado
Povoa templos, salões,
E o seio desnudado
De mulheres aos milhões!

Aquele ser supliciado
Serve de exemplo aos vilões,
P'ra que se fique calado
E não haja violações,
Desse direito "sagrado"
Que é o de mandar, dos mandões.

Mas Cristo emerge da morte
Logo depois ter morrido!
E vive! E, de tal sorte,
Que os mandões perdem o norte
Em busca do "foragido"!

E perguntam por aí:
O que será feito dele?
Se ele aparecer por aqui
Té lh'arrancamos a pele...

Mas há-de chegar o tempo
Nítido, límpido, pressentido,
Em que será dado o exemplo
Pelo NOBRE foragido:
Aquele Ser, tão sofrido,
Expulsá-los-à do TEMPLO

Um tempo que vai surgindo...
Que eu já vislumbro e contemplo!

quarta-feira, abril 12, 2006

Amor? O que é?

Calo em mim um lamento
Sufoco um grito de dor
Por não ter, por um momento,
Provado o gosto, visto a cor,
Desse estranho sentimento
Que o vulgo diz ser o amor!

Olho com dor infinita
E com infinita fúria,
Esta cultura maldita
Que chama amor à luxúria...
E sabe, amigo leitor:
é duramente penoso
confundir com o amor
E transformar em tal cor
Um acto libidinoso!

terça-feira, abril 11, 2006

Pensamentos Poéticos


Se um grão de trigo tem que morrer para que nasça uma nova espiga, assim Cristo teve que morrer para que nascesse uma nova Humanidade.
Se as últimas gerações estão mal, de quem será a culpa?


Há sempre um grito na alma
De quem não tem calma!
Há sempre calma no grito
De quem não tem alma!
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